Quando atendemos uma pessoa com perda auditiva, é comum observamos que ela não olha para o(a) fonoaudiólogo(a) que está atendendo, assim como não responde as perguntas as quais são feitas diretamente, normalmente a pessoa pede para que o familiar repita as perguntas (e responde para o familiar também). Isto ocorre pelo fato da pessoa estar constrangida de ter que pedir para ser repetido o que foi dito.
Casos assim são comuns, uma vez que a pessoa com perda auditiva não percebe que não conversa mais e acaba ficando isolada e se sentindo só, perde a vontade de sair de casa e muitas vezes não consegue nem assistir televisão, pois o volume tem que ser alto (e mesmo assim não resolve).
As coisas mais simples se tornam difíceis para quem tem perda auditiva. Andar na rua sem ouvir direito o que está acontecendo ao seu redor (buzina, carros, apitos do policial, latidos, gritos) pode ser perigoso. Ligar a chaleira ou bule para fazer um café, não ouvir o apito ou a água fervendo e esquecer ligado.
Ter a perda de audição significa que a qualidade de vida e a segurança da pessoa ficam comprometidas. As pessoas ficam mais inseguras, preocupadas, depressivas.
Quando uma pessoa passa a usar um aparelho auditivo e podemos acompanhar, é muito gratificante observar que essa pessoa volta a sorrir. O paciente reencontra o prazer de viver pequenas coisas do seu dia-a-dia: agora ele entende as conversas das reuniões de família, e pode participar e opinar no que está sendo dito.
Já ouvi vários comentários dos meus pacientes, em que eles relatam:
– Como é bom ouvir o som dos passarinhos de manhã…
– Agora me sinto mais seguro(a) em ficar sozinho(a) em casa, pois escuto quando chega alguém…
– Não perco o aniversário dos meus netos por nada…
Para nossos pacientes, voltar a ouvir é ter qualidade de vida restaurada. E poder participar desse processo, no acompanhamento do paciente, é um privilégio.